terça-feira, 18 de novembro de 2008

A Dança parte 1: Acima de tudo a entrega


Na vez passada falei sobre duas escolas de dança que sempre fazem festas, a 8T e a Kdus, dessas duas a que mais gosto é segunda por ter tido mais oportunidades de dança com pessoas legais e receptivas, sem falar que lá pude reforça alguns laços de amizades e ganhar histórias inesquecíveis e claro por que toca tango. E não simplesmente toca, mas tem um sala especialmente para ele.

Nem preciso dizer que essa dança argentina é a minha favorita. Todas as danças são envolventes, sensuais e excitantes, mais o tango tem o um quê a mais, ele é mais livre onde tudo é possível e a prática e experiência só vão facilitando a sintonia e o casal com sintonia fica tão solto que... Bem deixemos isso para um outro post por que é pano para mais de manga.

E numa das festas na Kdus, estava eu lá feliz, aproveitando a saleta de tango para praticar mais minhas recém adquiridas habilidades de tangueiro. Como toda nova habilidade ela sempre esta pré-disposta a sair certa, mas com eventuais acidentes e eu não fugi da regra. Passei a primeira hora chutando alguns pés e a segunda hora me soltando, mas depois disso foi só alegria.

Apesar de não saber e não gostar de muitas figuras, depois que me solto, sempre acabo dançando bem e aproveitando o máximo dos passos básicos fazendo uma dança fácil e ao mesmo tempo diferente. Isso até me rendeu um elogio (só não lembro se foi nesse dia) de uma das senhoras, e o elogio consistia em dizer que era muito fácil dançar comigo, principalmente se a parceira sabe pouco ou até mesmo não sabe.

Mas quando pego uma mulher que sabe dançar de verdade a coisa vai longe, giros, rodopios, cruzes, cruzados baldosa e tudo sem descolar os rostos. E tudo isso consigo normalmente com minha amiga Si que, mesmo sendo quase uma profissional, ainda “tolera” dançar comigo, mais na frente vou falar mais sobre isso, e por isso amo muito essa moça querida, beijos Si!

Nessa mesma noite teve outra pessoa com quem a dança saiu maravilhosamente bem, pensei até esta dançando com outra veterana na dança, não necessariamente no tango, e cheguei a perguntar e qual foi o meu espanto quando ela disse que tinha menos de um mês de aula.

Nossa, como fluía a dança!

E além de fluir tem um algo a mais acontecendo, quando me dei conta vi um fogo crescendo e crescendo dentro de mim, movido pela empolgação acabei por deixar ele tomar conta para ver no que iria dar. Aquela mulher, que mais parecia uma boneca de pano que ia e vinha ao menor sinal do meu pensamento, ao mesmo tempo fazia eu dar o máximo de mim naquelas duas ou três músicas, que mesmo sem ela saber, me fez executar passos e seqüências que nem havia sonhado ainda em fazer e tudo isso sem fugir do básico.

A dança foi perfeita? Para mim foi, não por ter feito o diabo com ela e esta ter deixado, mesmo pq teve um pequeno passo que não saiu, mas a perfeição estava na parceria. Mesmo sem nunca ter me visto e sem saber tango ela ainda sim se entregou sem medo, e eu soube respeitar isso e fazer essa entrega se converter em passos.

Eu poderia dizer que a nossa química ali foi inigualável, mas o termo química remete muito a hormônios e sexo e não foi nada disso, foi realmente uma troca de energias, que ao meu ver é muito difícil de se conseguir fazer, não só na dança, mas como em qualquer outra coisa na vida.

Essa experiência com ela acabou me deixando totalmente envolto em chamas, que eram alimentadas pela euforia do novo sentimento despertado pela dança que ainda estou aprendendo, a dançar e lidar com os sentimentos, pois é complicado ficar de rosto colado com outra pessoa e ainda sim não pensar em alguma coisa com sexo, em qualquer que seja o grau.

Logo em seguida, desci para o salão principal e acabei encontrando essa mesma pessoa que me proporciono prazeres quase indescritíveis no tango, e fui tirar a prova dos nove com os outros ritmos que estavam tocando e o resultando não foi o mesmo. Apesar que no forro ter chegando bem perto, mas talvez a alta expectativa não tenha deixado ser igual e, por mais que a dança tenha fluido, a energia não foi compartilhada da mesma maneira. Depois teve um samba e ai mesmo que lembrei das sábias palavras do meu professor Fabiano - “algumas vezes um casal tem o abraço para uma determinado ritmo e dança muito bem, mas em outro já não sai”.

A dança tem um negócio engraçado que, por mais que não se pense em maldade, algumas vezes as coisas passam tão perto da satisfação que muitas vezes quando se vê já foi, e quando isso acontece com uma pessoa que nunca tinha visto na vida é inevitável pensar em jogar ela na parede e termina de aproveitar daquele corpo.

É nesses momentos que nós, homo-sapiens, nos diferenciamos dos outros animais, saber distinguir as situações, como disse no post anterior não é porque alguém dançou com você que ela quer termina a noite com você. Mas ainda sim fico na vontade de encontrar e conseguir reconhecer ela numa nova festa e poder dançar mais um pouco com ela e, se minha timidez deixar, conseguir manter uma conversa para fazer uma nova amiga ou quem saber até uma excelente namorada... Bem não custa nada sonhar.